14.30 - Assembleia (simulação) 20.00 - Jantar-Conferência com o Dr Vasco Graça Moura
Pergunta a ...
Na UV 2006, todos os participantes tiveram a possibilidade de dirigir perguntas escritas aos conferencistas e a personalidades que se associaram a esta iniciativa. De entre as perguntas que lhes eram destinadas, os nossos convidados escolhiam duas para dar resposta e para serem publicadas no JUV.
Aqui podem ser consultadas não só as perguntas seleccionadas pelos convidados e as respectivas respostas mas também todas as restantes que não chegaram a ser publicadas.
Após os anos de escravidão a que Timor esteve submetido, deu-se a concretização da liberdade e do sonho de ser uma Nação, Contudo, surgem problemas com as diferentes tribos. Como é que se consegue resolver, visto que algumas não falem sequer a mesma língua?
Veja as coisas em perspectiva: somos Nação há apenas 5 anos e a Guiné-Bissau, Angola e Moçambique são-no há mais 30; a Índia e o Paquistão há 60…
A viabilização de um projecto de independência e unidade nacional nunca foi fácil e não escapamos à regra. Não podemos é desanimar. E se comparar Timor com a Guiné-Bissau, estamos bem melhor só em 5 anos!
Reconheço que Timor tem um conjunto muito complicado de problemas sociais, talvez também motivado por problemas económicos. Assim sendo, qual é a política económica que considera indicada para Timor? Será o petróleo a solução escolhida? Mas é encarado como uma solução de curto prazo ou de longo prazo?
Timor-Leste tem um povo paciente e vários recursos naturais como o petróleo, gás, mármore, pesca, etc. Falta uma classe politica à altura e uma administração pública bem treinada. Somos Nação só há 5 anos, após 30 de violência devastadora. É preciso cuidar do corpo mas também da alma. As receitas do petróleo estão a ser aplicadas para cobrir o Orçamento do Estado e investir em infra-estruturas. Nunca há corta-mato na luta contra o sub-desenvolvimento, a pobreza, o analfabetismo.
Enquanto Nobel da Paz e familiar de vítimas de guerra, como interpreta a situação em que os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas figurem na lista dos maiores produtores mundiais de armamento?
Sempre critiquei a venda indiscriminada de armas. Em 1997 fui co-autor do projecto de Código de Conduta para o Controle de Venda de Armas Convencionais, mas os interesses contrário não permitem progressos…
De que forma ter sido Nobel da Paz o influencia na sua caminhada política?
Antes de ser galardoado, já tinha as minhas convicções, já batalhava pela paz e justiça em Timor-Leste e em outros países do mundo. O prémio elevou o meu estatuto, alargou a minha audiência, mas não me mudou.
Como pode Portugal Apoiar a redução da instabilidade interna Timorense? Será que temos feito tudo o que está ao nosso alcance?
A vossa solidariedade é exemplar. Muito grande desde os anos da luta e maior desde 1999. A GNR e a PSP têm sido eficazes e dedicadas. Temos também o apoio de Portugal em áreas como educação e justiça. Não se vos pode pedir mais. Tudo têm feito.
Como encara e prevê o facto de Timor ao nível de desenvolvimento económico e capacidade para evitar que os conflitos políticos-sociais "destruam" o país e em que medidas considera fundamentais para que esse futuro seja risonho?
Tendo em conta a situação económica e social que Timor Leste vive em pleno sec. XXI, que medidas se devem tomar para minimizar esse flagelo? Será a democracia o melhor sistema político para uma população dizimada, troturada por descolonização apressada e consequentemente uma invasão repleta de tortura e opressão?
Timor sofre de uma insegurança motivada por milícias e, sobretudo, dos jovens que lutam apenas por um sentido a dar à sua vida e não por um ideal. O que está a ser feito para a estabilização política e social em Timor?
Que desafios elege como primordiais para o seu mandato, enquanto Presidente da República recém- eleito, numa jovem democracia, ela própria um grande desafio?
Tendo em conta a instabilidade política e social existente em Timor, resultante de todo o processo eleitoral e legislativo, como pensa que Timor se poderá afirmar no contexto internacional em termos de política externa e em termos de captação de investimento directo estrangeiro para o país?
Atendendo ao quadro geopolítico de Timor, quais são os instrumentos prioritários para o desenvolvimento de uma política externa eficiente no quadro internacional?
Nomeou um Primeiro- Ministro que não fazia parde do quadrante plítico que obteve maior votação nas eleições. Independentemente de considerar que tal é o melhor para Timor, acha que essa medida é benéfica para a implemntação de uma cultura democrática em Timor?
Que lugar dará, enquanto Presidente da República de Timor, à língua portuguesa e com que protagonismo se assume já esta preocupação no seu projecto de intervenção política?
A seu ver qual é a importância do aumento de intercâmbio cultural e económico entre Portugal e Timor e a importância da Língua Portuguesa como elemento agregante entre os povos?
Estando tão longe de Portugal, como olham os timorenses para o nosso "jardim à beira mar plantado" e o que podem os portugueses fazer para ajudar Timor a crescer e a desenvolver-se?
Qual poderá ser o papel do Estado português, para que Timor - Leste resolva os seus problemas internos, a nível político e iniciar em definitivo a sua construção como país independente?
Quais são as iniciativas que acha que o seu País deve tomar com vista a consolidar a democracia recentemente criada e desenvolver um clima sustentado de progresso e desenvolvimento?
Passado quase dois lustros sobre o referendo da autodeterminação de Timor-Leste, como avalia, desde então até agora, as relações entre os nossos países ao nível económico, político e cultural? E que perspectivas prevê para o futuro próximo das relações entre Portugal e Timor-Leste, países que vivem irmanados e ligados por laços inquebrantáveis.
Num país cada vez mais assolado pela criminalidade, alvo de constantes ataques por parte de milícias e onde se instalam tropas de vários países, nomeadamente a Austrália, que por um lado ajudam à estabilidade, mas por outro, têm interesses económicos nos recursos minerais e petrolíferos do país. Qual a sua solução para se conseguir paz em Timor no meio de tantos instresses diferentes?
Considera que Portugal deve continuar ou actuar no sentido de ajudar Timor Leste no ajuste da estabilidade da vida política e social do país, ou a população já está preparada para fazer esse caminho sozinha sem a ameaça constante de rebeliões?
Quando considera que Timor vai ter a estabilidade necessária para permitir a aposta no turismo? Sector em que creio existir um grande potencial em Timor-Leste.
Actualmente, a Nação Timorense encontra-se no início de um novo ciclo que poderá ser crucial na sua afirmação internacional. Que papel poderá assumir Portugal na cooperação estratégica com Timor, nomeadamente no estreitar de relações com os países da União Europeia?
Sendo Timor Leste um Estado muito recente que atingiu, ou melhor, conquistou a democracia há pouco tempo, pratica sufrágio, elege os seus governantes e legitima o seu poder, na sua opinião , dentro de quanto tempo, e conhecendo a realidade do país, o mesmo atingirá uma plena e madura democracia que sobretudo faça com que a paz seja mantida, com que o sistema político seja intensificado e o desenvolvimento em massa e em grande escala chegue ao país?
Considerando que a democracia emTimor se encontra ainda em estado embrionário, não considera a educação académica e humorista dos mais jovens (vulgo paideia) crucial para o entendimento da herança política e administrativa em Timor? Mais do que uma pergunta considere esta intervenção um apoio às políticas culturais como primordiais ao sucesso futuro do seu (nosso em coração!) Estado!
Na actual conjuntura política timorense, não considera que a comunidade internacional tenderá a olhar para a solução governativa encontrada pelo órgão de soberania como representando a vontade do grupo de interesses ( interno e externo ) e não a legítima vontade popular expressa em eleições directas?
Como Timor-Leste vai conciliar a aposta num desenvolvimento sustentado a longo prazo com a necessidade de garantir melhorias sensíveis do nível de vida das gerações vindouras, de forma a garantir a estabilidade social e a coesão nacional?