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14.30 - Assembleia (simulação)
20.00 - Jantar-Conferência com o Dr Vasco Graça Moura
27-08-2007
Sessão formal de Abertura
 
Joana Barata Lopes
(…) Boa tarde. O ano passado estive na Universidade de Verão. Desse lado como aluna. Este ano estou aqui como Conselheira, para vos ajudar em tudo aquilo que precisarem. Podia dizer-vos muitas coisas sobre a Universidade de Verão.

Posso dizer-vos que é um momento de formação único, com conteúdo excepcional. Posso dizer-vos que vão ter oportunidade de partilharem experiências e aprender muito mais do que imaginam, mas imagino também que isso vocês já saibam.

O que talvez não saibam, é que isto não é vida fácil, talvez não imaginam como é cansativo, o sono, o cansaço, a vontade que eu tinha de ir fumar um cigarro, às vezes apetecia-me mesmo não me levantar da cama.

E foi nesta altura que eu achei que tinha realmente percebido o que era o espírito da Universidade de Verão.

Cabe-vos a vocês fazerem uma escolha, cabe-vos a vocês decidir qual vai ser a vossa forma de estar. Estão aqui, são responsáveis pela escolha que fizeram de estar aqui, cabe-vos a vocês escolher a forma como se vão comportar, a forma como vão encarar essa responsabilidade.

Nessa altura quando eu senti isso, quando tinha menos vontade de ouvir as pessoas, quando tinha menos vontade de as deixar falar, quando tinha mais vontade de dar a minha opinião, quando era menos simpática, eu senti, que ia tentar mudar isso, e depois de tomar essa difícil decisão de não sucumbir ao cansaço, de não ter só vontade de ir para os copos e para o divertimento, eu senti que tinha entrado na Universidade de Verão.

E vocês se tiverem também este grande acto de coragem, vão perceber o quão maravilhoso é fazer parte desta engrenagem, montada e dirigida pelo nosso magnífico Reitor Carlos Coelho e por todo o staff que o suporta.

Acreditem, vale a pena. É sempre uma escolha pessoal e vale realmente a pena.

E também vos digo uma coisa: se eu consegui resistir ao despertador, vocês também conseguem, acreditem em mim.

Obrigada.

(APLAUSOS)

 
Dep. Carlos Coelho
Como a Joana vos disse, sejam bem-vindos à Universidade de Verão 2007, todos vocês, mas também o nosso Secretário—Geral, o Dr. Miguel Macedo, o presidente da JSD, Pedro Rodrigues, a Zita da nossa equipa de avaliadores, e o Secretário-Geral Adjunto, José Matos Rosa.

Para vocês esta sessão formal de abertura é o início da vossa Universidade de Verão, mas esta Universidade de Verão não começou aqui, começou há quatro anos, em 2003, prolongou-se com a experiência de 2004, a de 2005 e a de 2006. E esta Universidade de Verão que vocês hoje vão viver aqui e que vão viver ao longo desta semana, bebeu da experiência e da avaliação dos vossos colegas dos últimos quatro anos.

Esse exercício é o último exercício que vos vamos pedir no último dia: vocês no Domingo, antes da sessão formal de enceramento com o Presidente do Partido, o Dr. Marques Mendes, vão ser convidados a fazer a avaliação desta experiência, e as vossas opiniões vão fazer com que a Universidade de Verão de 2008 seja melhor do que aquela que foi em 2007.

Se vocês estivessem estado cá em 2003, não teriam conhecido a “Assembleia” que vão conhecer no Sábado, não saberiam o que vão “painéis oponentes”, não tinham uma “revista de imprensa”, tinham missões mais limitadas para os trabalhos de grupo, a Universidade era mais curta, tinha outros temas, e não havia um sistema de rotação entre os grupos.

Estas, entre outras grandes mudanças, foram determinadas pela avaliação e pelas sugestões que os vossos colegas deram nas edições anteriores.

Esta Universidade é uma universidade interactiva. Para lá da parte curricular que vamos ter, vai ser solicitada a vossa participação continuada. Podem fazê-lo através dos computadores. Quem tem computador verá que poderá ter acesso à nossa Internet, quem tem computador sem placa Wireless, pode contactar a organização que temos umas placas Wireless para emprestar, de forma a que se possam conectar à nossa rede, e quem não trouxe computadores tem no primeiro andar, na zona do restaurante dez computadores para o vosso serviço, com acesso quer à Intranet da Universidade de Verão, quer à Internet. O endereço para acederem à nossa Intranet é esse, é simples: http://uv2007, e foram distribuídos em envelope fechado uns códigos que garantem a autenticidade das introduções que fizerem na Internet, ou seja, para termos a certeza que aquilo que é colocado no vosso sector, sob o vosso nome, é mesmo da vossa vontade e não é uma partida entre colegas.

A Universidade interactiva também tem o JUV. O JUV é o jornal diário, um jornal que já têm aí a primeira edição nas vossas pastas que é uma edição de boas-vindas. Que é um jornal que sai todos os dias, eu deveria dizer todas as madrugadas, porque o JUV sai das nossas “rotativas” às 2h00. Quem ainda estiver acordado recebê-lo-á à saída com a tinta ainda fresca. Quem já estiver recolhido no quarto, saberá que ele é distribuído todas as noites e quando se levantarem de manhã têm o nosso jornal diário fresquinho por debaixo da porta do vosso quarto.

Não haverá dúvidas de quem é o JUV, porque o JUV vai identificado com o destinatário, portanto, cada um de vocês saberá que aquela é a vossa cópia, porque ela está personalizada.

Há uma equipa redactorial/editorial do JUV, que tem sobretudo o Paulo Colaço, o Júlio Pisa e o Tomás Ribeiro, mas na prática quem faz o JUV são vocês. Vão ser solicitados a participar directa ou indirectamente, directamente através dos nossos jornalistas do JUV, indirectamente através dos concursos a que farei referência mais à frente.

Esta interactividade, inclui também as sugestões, as perguntas e o “eu achei curioso”.

Todas estas intervenções podem ser feitas directamente na Intranet. Se não quiserem usar a net, podem usar os impressos que vos são distribuídos todos os dias. Todos os dias terão a possibilidade de fazer uma pergunta por escrito a duas personalidades. Uma personalidade que será a personalidade que estará connosco ao jantar, a outra personalidade será anunciada em cada dia, pode haver surpresas, são personalidades da vida nacional e internacional.

Essas personalidades vão receber as vossas perguntas vão seleccionar duas, e vão responder a essas duas. Todas as perguntas formuladas serão publicadas na Internet e serão publicadas nas Actas da Universidade de Verão. Aquelas que foram seleccionadas pelas personalidades, serão publicadas com a respectiva pergunta e a respectiva resposta na edição do JUV.

Poderão também dar sugestões. Essas sugestões são-me dirigidas. Vão ter ocasião de apreciar aquilo que estão a viver, e seguramente vão ter melhores ideias, vão ter oportunidade de considerar que se fossem vocês a fazer, fariam diferente e fariam melhor. São essas sugestões que nos interessam. Sempre que acharem que há um aspecto da organização da nossa universidade que poderia ser melhorado, não hesitem, escrevam, ou directamente no computador, ou através dos impressos, eu leio todos os dias as vossas sugestões e tentarei dar resposta ou nesta universidade se for possível ou em edições futuras, no sentido de as melhorar.

E finalmente, têm uma terceira participação também não obrigatória que é “eu achei curioso”. Seguramente durante o dia vão achar que alguma coisa que teve piada, que vos surpreendeu, que não estavam à espera, que acharam verdadeiramente curioso. Nós vamos seleccionar para cada edição do JUV, dois ou três “acheis curiosos”, partilhando com os outros aquilo que são as vossas reflexões sobre a experiência que estão a viver.

Estas participações não são obrigatórias, mas estão todos convidados, quer por via informática, por via digital, quer por escrito a colaborar na nossa universidade.

Atenção aos prazos, as perguntas para poderem ser enviadas para quem está à distância (e algumas das personalidades que nós vamos ouvir podem estar muito longe de Portugal), precisamos de ter até às 13 horas, ou seja, até à chegada ao almoço. Vocês recebem esses impressos de manhã e até ao almoço podem fazer as vossas perguntas para as duas personalidades desse dia, de forma a podermos enviar e recebermos as respostas em tempo de publicar na edição do JUV dessa noite.

Os “acheis curiosos”, praticamente não têm tempo, mas de forma a seleccionar para cada edição do JUV precisamos de recebê-los até às 17h30. Todos aqueles que recebermos a partir dessa hora serão analisados juntamente com os do dia seguinte.

Portanto, atenção aos prazos, para quem quiser participar, com vista à publicação no nosso jornal diário.

A nossa Universidade obriga-vos (e esta é uma participação obrigatória), a avaliar. Avaliar para melhorar. Em todas as aulas, que nós chamamos Temas, portanto, nos oito temas da estrutura formativa base da nossa universidade, vão avaliar por voto secreto aquilo que vivenciaram. A avaliação tem três grandes componentes: sobre o tema, sobre o orador e sobre as questões de logística.

Sobre o tema, queremos que vocês avaliam três coisas: primeiro “se ele é importante”, aconselho-vos a fazerem essa avaliação antes de ouvirem o tema, assim que se sentam, a primeira coisa que fazem é preencher essa avaliação. Porquê? Porque essa avaliação não depende se o tema foi bom ou foi mau, se vocês gostaram da exposição ou se não gostaram, é uma apreciação teórica, aquilo que queremos saber é a vossa opinião, se acham que o tema em si é importante ou não é importante. Porque é que vos peço para fazerem antes? Porque às vezes, em edições anteriores vimos que a avaliação das pessoas nessa primeira pergunta era muito influenciada pela empatia que depois se criou com o formador durante a aula. Não é isso que nós queremos. Esta primeira pergunta é antes de ouvir, vocês acham que o tema é importante ou não é importante. O exemplo que têm no ecran refere-se à aula do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, sobre os dez mandamentos em democracia. Vocês acham que nesta universidade faz ou não sentido termos uma aula sobre os “Dez mandamentos em democracia”? Se acham que faz muito sentido põem 5, se acham que faz bastante sentido põem 4, se acham que é normal põem 3, se acham que não faz muito sentido põem 2, se acham que não faz sentido põem 1. 5 para muito, 4 para bom, 3 para suficiente, 2 para medíocre, 1 para mau. É uma grelha relativamente simples de decorar.

Já as outras duas perguntas dependem daquilo que ouviram. A segunda é “se foi interessante”, se o tema foi interessante, o tema pode ser muito importante, pode ser o tema mais importante do mundo, mas vocês não acharam muito interessante a forma como ele foi apresentado.

E, depois, “se trouxe novidades”, ele pode ter sido muito interessante, pode ter sido muito importante, mas vocês já sabiam tudo aquilo que ouviram, não houve novidades.

Portanto, reparem são três perguntas diferentes. Às vezes há algumas subtilezas mas são três questões diferentes que nós queremos ter a vossa avaliação.

Depois “sobre o orador”, saber se o orador percebia da matéria, segundo se ele comunicou bem (há pessoas que sabem muito bem mas não sabem comunicar), e depois se criou empatia convosco. A pergunta é “se vos pôs à vontade”, se foi simpático.

E, finalmente, três perguntas de logística. Sobre os textos de apoio, sobre os suportes audiovisuais, e sobre o tempo dedicado a esse tema. Se deve ser mais, se deve ser menos, ou se está bem assim.

Peço-vos para não se deixarem contagiar. Vou-vos dar um exemplo concreto: numa edição anterior, o Eng. Carlos Pimenta fez uma intervenção notável, e na avaliação dos textos de apoio houve colegas vossos que lhe deram 3, isto é, os textos de apoio não eram muito bons, mas também não eram muito maus, eram suficientes. Não haveria mal nenhum se o Eng. Carlos Pimenta tivesse distribuído um papel, não distribuiu papel nenhum, portanto, os textos de apoio de uma intervenção que foi muito boa, na vossa avaliação deveria 1, que significa que não houve textos de apoio. Aqui não se trata de premiar o formador, trata-se de fazer uma avaliação rigorosa.

Para fechar isto da avaliação, dois apelos finais: se vocês não se sentirem seguros da avaliação que querem fazer, não façam. Prefiro a ausência de avaliação. Têm que entregar o voto, são obrigados, mas podem entregar com algumas destas coisas em branco, prefiro que votem em branco a que façam uma avaliação irresponsável. Porque isto não se trata de preencher papeis, trata-se de recolher com rigor a vossa opinião e a vossa avaliação.

No final desta Universidade, o conjunto de pessoas que está na organização, os avaliadores, os conselheiros e todos os outros, fecham-se, analisam as vossas respostas e tiram conclusões para o futuro.

As vossas opiniões são importantes para nós melhorarmos esta iniciativa.

E quando preencherem este papelinho não pensem que é um exagero burocrático que vos estamos a pedir em cada tema, é que a vossa opinião é importante para podermos melhorar as próximas iniciativas.

A última coisa que vos pedimos também, a seguir a cada tema, é que preencham mais um papelinho chamado “eu aprendi que”. Queremos que no final de cada tema nos digam três coisas que aprenderam, três coisas novas que aprenderam. Se só se lembrarem de duas, põem só duas; se acharam que foi só uma, foi só uma; se acharam que não aprenderam nada, anulam com risco, mas têm que depositar o votinho na urna. O voto é obrigatório, aqui o sufrágio não é facultativo.

Relativamente a esta questão, é exactamente o que vos disse relativamente à outra. É muito importante para nós termos a percepção do que é que vocês consideram importante em cada um dos temas, e o que é que foi novidade, o que é que vos marcou na exposição de determinado tema ou de determinado orador.

De certa forma, vocês são ser confrontados com algumas destas questões no último dia. No último dia vai haver um teste de avaliação de conhecimentos, na sessão de avaliação da universidade. Não é um teste de avaliação de conhecimento para vos dar notas, porque os testes são anónimos, vocês não vão assinar esses testes. Mas uma vez mais, desse exercício de recordação depende a avaliação que nós fazemos da capacidade cognitiva desta iniciativa de formação.

Vocês vão reparar que vos vamos tratar como uma selecção nacional, para nós vocês são uma selecção nacional. Têm um programa como não há outro em Portugal, não é por acaso que a Universidade de Verão é já hoje em Portugal a iniciativa mais credenciada de formação de jovens quadros políticos, vêem pelos temas e vêem pela selecção de oradores, e todas as manhãs vão ter uma revista de imprensa, que é feita pelo Tomás Ribeiro, foi um dos melhores alunos da universidade do ano passado, e que vos vai preparar todas as manhãs uma revista de imprensa.

Porquê? Porque achamos que quadros políticos como vocês, pessoas que estão a formar-se, devem ter a capacidade de terem uma janela de observação sobre aquilo que se passa em Portugal, na Europa, e no Mundo. O “Courrier Internacional”, o “Economist”, o “El Pais”, o “Financial Times”, o “Le Monde”, o “The Times”, da BBC, e a CNN, são algumas das fontes internacionais que vocês podem ver já na primeira Revista de Imprensa que receberam com a vossa pasta de boas-vindas.

Depois vão ver que há regras para tudo. Têm na vossa pasta um impressozinho das regras e vão considerar que somos aqui uma espécie de autocratas porque, tem regras para os temas, regras para os grupos de trabalho, regras para as conferências, regras para a assembleia, há regras para tudo, tudo está regulado por regras. Vão perceber que não são regras muito complicadas e até são regras lógicas, mas há regras para tudo. No entanto, há cinco regras gerais, para as quais chamo a vossa atenção.

A primeira é ter vontade. Vocês estão aqui porque quiseram, e a primeira regra geral na universidade é ter vontade de dar o seu melhor, nesta Universidade de Verão. A única avaliação que me interessa é essa, é ver o nível do vosso empenho, do vosso esforço, e aquilo que querem pôr do vosso melhor nesta semana de trabalho e de estudo numa Universidade de Verão.

A segunda regra é querer saber mais. É uma regra de curiosidade intelectual, acho que é isso que faz a diferença entre as pessoas inteligentes e aquelas que o não são. E, vocês porque questão aqui, estão seguramente no primeiro grupo, porque passaram os crivos todos de selecção. Uma coisa que me irrita, é quando às vezes há formadores e pedagogos que dizem que uma criança está na idade dos porquês, eu acho que quando uma pessoa é inteligente nunca deixa de estar na idade dos porquês. Queremos sempre saber porquê, e temos o direito, sobretudo na intervenção cívica de perguntar porquê, porque é que as coisas são assim. É essa curiosidade intelectual a segunda regra do querer saber mais.

A terceira regra é ser pontual. Ninguém que acompanhe esta Universidade de Verão acredita, mas todos os anos se vergam ao nosso exemplo. Num país em que a falta de pontualidade é uma das principais razões da falta de competitividade, na Universidade de Verão os jovens sociais-democratas dão exemplo, as sessões começam ás 10h, e começar às 10h não é começar às 10h20, nem é às 10h15, nem é às 10h10, nem é às 10h05, é às 10h em ponto. E também não há derrapagens. Quando se diz que uma sessão termina o mais tardar às 12h30, termina às 12h30, aconteça o que acontecer. E portanto, é esse apelo que vos faço, dêem uma vez mais ao país que nos acompanha, um bom exemplo do que é o rigor dos jovens social-democratas, vamos começar as sessões a horas e vamos acabá-las a horas, e com isso dar um exemplo a um país que muitas vezes anda atrasado.

Em quarto lugar, é ser solidário. Nós no mundo e na vida não estamos sós, temos que interagir com os outros, e aqui na universidade vocês vão perceber o que é trabalhar em grupo numa dinâmica verdadeiramente assustadora, sobre o ponto de vista do ritmo, como a Joana já vos preveniu. Ser solidários uns com os outros é a quarta exigência geral desta universidade.

E, finalmente, ser construtivo. Ajudem-nos, utilizem a net, os impressos, as sugestões, o “achei curioso”, falem comigo, com os vossos conselheiros, com os avaliadores, sempre que houver alguma coisa que possamos melhorar, não hesitem em dizer-nos. Estamos aqui todos para aprender uns com os outros.

Quem está cá? Estão vocês. Candidataram-se perto de 300, vocês foram seleccionados, foram seleccionados com base no currículo com três critérios complementares para matizar: um critério de diferenciação regional, para termos pessoas de todos os sítios e regiões autónomas; um critério de diferenciação etária, o que deu uma média etária entre os 23 e os 24; e um critério de equilíbrio sexual, deu-nos 60-40% entre homens e mulheres.

Embora as decisões não tenham sido minhas, foi um júri, a que eu presidi, eu assumo, perante o partido e perante vós, a responsabilidade das escolhas que fizemos. Podemos ter errado, vocês podem não ser os melhores. Para o júri que eu presidi, vocês são os melhores. Tivemos um dia inteiro a analisar currículos, a comparar percursos, atenção aos equilíbrios regionais, sexuais e etários, e olhando para vocês, seriamente como uma selecção nacional. Estão aqui pessoas do norte, do sul e das regiões autónomas. Para nós, vocês são os melhores de entre os candidatos. E é assim que vos vamos tratar ao longo de toda a semana.

Há um senhor Montaigne, no século XVI, que foi pensador, foi ensaísta, foi tradutor, foi um homem de Estado, foi presidente da câmara, foi deputado, foi professor. Ele dizia, relativamente aos formandos, que o formando não é um recipiente que devemos encher, mas um fogo que é preciso atear. É assim que nós vamos funcionar convosco ao longo desta semana. Não vamos tentar encher-vos a cabeça de conceitos, embora espero que vocês possam aproveitar muito das aulas que vamos ter e aprender conceitos novos, mas queremos, sobretudo, atear o fogo da vossa participação cívica. Alguns de vós já têm um percurso grande no Partido ou na JSD, outros não, há independentes entre vós. Há uns que têm intervenção cívica nas associações de estudantes, outros que nunca o tiveram; há uns que têm nas autarquias, outros que o desejam; há outros que estão afastados de qualquer tipo de participação cívica. É isso que nós queremos nesta Universidade de Verão: é contribuir para atear o fogo da participação cívica, mais consistente e mais informada.

Há um basco, que eu gosto muito, que se chama Fernando Savater, é o autor do livro que eu vos recomendo no quem é quem. Nós vamos ter uma semana para nos conhecermos, mas de certa forma já nos conhecemos, eu conheço já alguns de vós, porque vi os vossos retratos falados. Todos nós partilhámos um pouco daquilo que somos, do que pensamos e do que sentimos no quem é quem. Esse pequenino livrinho que vocês têm nas vossas pastas, em que vocês participantes e organização revelam-se e confessam-se um pouco do que pensam e do que são.

Nesse “quem é quem” recomendo-vos um livro, que é a “Ética para um Jovem” de Fernando Savater. Fernando Savater é um grande escritor espanhol, contemporâneo, que é um resistente, é um homem que encabeçou um movimento cívico contra a ETA, e que escreve uma coisa que me toca muito: diz que “se aquilo que no mundo de hoje que nos ofenda ou nos preocupa é remediável, devemos por mãos à obra, e se o não é, torna-se ocioso deplorar porque este mundo não tem livro de reclamações”, este mundo não é um serviço, não tem livro de reclamações. E, portanto, se há algo que nos ofende ou preocupa, temos que meter mesmo mãos à obra.

Termino com uma história que alguns de vocês conhecem que passou na net há um/dois anos. É uma história de um cego, que está numa rua de Paris a pedir e a viver da caridade, tem um cartaz que alguém escreveu a dizer “Por favor, ajude-me sou cego”, e tem um esfarrapado chapéu onde recolhe as moedas de quem quer dar uma esmola. E passa-se o dia e ele não é muito bem sucedido. Até que passa um publicitário, um homem que está habituado a trabalhar com imagens, alguém com o talento do Júlio Pisa, que é o gráfico que desenhou todas as peças gráficas da Universidade de Verão desde a fundação, desde 2003. E esse gráfico condoí-se do cego, pega no cartaz, vira-o ao contrário, e escreve uma outra frase. Passa-se o dia e no final do dia o nosso cego tem o chapéu esfarrapado cheio de moedas, e com aquele sexto sentido que os cegos têm que é aprimorar todos os outros, reconhece os passos de alguém que quando lhe mexeu no placard alterou o comportamento das pessoas perante ele. E perguntou-lhe: Ó amigo, o que é que você escreveu aqui que as pessoas estão a dar-me mais atenção. E o publicitário modesto diz: escrevi o mesmo que você tinha escrito de uma outra maneira. O publicitário escreveu “É primavera em Paris, mas eu não posso vê-la”.

Com isto, termino com três lições breves, a primeira é que na vida e na política não basta ter razão, é necessário saber transmiti-la.

A segunda, é que na política como na vida, tudo não é só razão, há também emoção.

E a terceira é retirada de uma liberal inglesa que escreveu um livro notável sobre a política, cujo título é a terceira e última lição, é que “A política é mesmo para as pessoas”. A política é mesmo para as pessoas.

Meus caros amigos, que esta universidade possa contribuir para vos trazer mais à participação cívica empenhada, com princípios, com valores e com ética.

Que não se esqueçam que não vivemos sós no mundo, que temos que interagir com os outros, e que a política que fazemos é para as pessoas. Que a vossa relação na política seja sempre a procura de um mundo melhor: seja ao nível da freguesia, do município, do país, da Europa ou do Mundo.

Ao fim e ao cabo, minhas caras amigas e caros amigos, que sejam felizes na Universidade de Verão de 2007.

(APLAUSOS)

 
Dr.Pedro Rodrigues
Exmo. Sr. Secretário-Geral do PSD, Dr. Miguel Macedo, Caro Magnífico Reitor da Universidade de Verão e Amigo, Carlos Coelho, Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, Exmo. Sr. Presidente da Concelhia do PSD de Castelo de Vida, Cara Amiga Zita, Caro Secretário-Geral Adjunto do Partido, Matos Rosa, Caros Amigos, Caros Companheiros.

O início da Universidade de Verão é um momento fundamental para a JSD, e é um momento fundamental porque a JSD afirmou, há uns anos a esta parte, a formação política como a prioridade estratégica da nossa actuação. E é determinante que uma estrutura partidária como a JSD entenda como responsabilidade primeira a formação de jovens quadros políticos, sobretudo quando vivemos numa sociedade e num mundo onde os políticos e os sistemas políticos estão tão descredibilizados como aquele em que vivemos.

E por isso é determinante a aposta na formação política e é determinante a aposta em eventos desta natureza e desta excelência como a Universidade de Verão. A Universidade de Verão é um instrumento fundamental para a JSD e para o PSD. A Universidade de Verão é hoje já e quero que tenham a noção disso, a melhor academia política do país. Afirmou-se por isso ao longo destes últimos anos, e afirmou-se muito graças a vocês, aos vossos antecessores, mas também à figura do nosso magnífico reitor, ao Carlos Coelho para quem eu peço uma grande salva de palmas.

(APLAUSOS)

Meus caros amigos, vocês hoje iniciam uma semana onde terão oportunidade de contactar com os melhores especialistas das mais diversas áreas e nas mais diversas matérias. Terão oportunidade de reflectir em conjunto, sobre os principais desafios que se colocam ao nosso país, vai-vos ser pedido muito rigor, muita dedicação, muito espírito de sacrifício, muita exigência, muita responsabilidade, e muita pontualidade.

Vocês são, como o nosso Reitor gosta de dizer e é verdade, uma verdadeira selecção nacional, e por isso é bom que tenham em consideração que se são essa selecção nacional são pelo vosso mérito, mas estão aqui porque a JSD e o PSD acreditaram em vocês, a JD e o PSD acreditaram na vossa capacidade de trabalho, na vossa dedicação, no vosso espírito de sacrifício, e na vossa preserverança.

E por isso nós esperamos que esta semana vocês também se divirtam, conheçam novos colegas e novos companheiros, que reflictam em conjunto sobre os grandes problemas do país, mas esperamos também que nesta semana exercitem aquilo que são os princípios e os valores da acção política.

Esperamos uma Universidade de Verão com muita solidariedade, com muito companheirismo e com muita amizade entre todos.

Queria-vos dizer que vocês hoje fazem parte daquilo que é a grande família da UV, a grande família da Universidade de Verão. E como em todas as famílias, na Universidade de Verão não há espaço para egoísmos, a Universidade de Verão não é um jogo, a Universidade de Verão não é uma competição, a Universidade de Verão é uma verdadeira família, e eu queria dar-vos as boas-vindas a essa mesma família, à família Universidade de Verão.

Mas, como eu dizia, nas famílias como na Universidade de Verão, não há lugar a egoísmo, só há lugar a companheirismo; não há lugar a competição, só há lugar a solidariedade e a tolerância entre todos. E esse exercício e esse espírito de solidariedade e de companheirismo, é o que nós esperamos que transportem no final da Universidade de Verão para as vossas vidas profissional, mas sobretudo para a vossa acção política.

A vossa tarefa não termina aqui no fim desta Universidade de Verão. A vossa tarefa e a vossa responsabilidade não termina na sessão de enceramento da Universidade de Verão, a vossa tarefa continua a persiste, e esperemos, esperamos, e temos a certeza que na vossa acção política, mas vossas vidas, na JSD e no PSD continuar a trabalhar com afinco, com determinação, com empenho, mas sempre com muita responsabilidade e sempre com muita solidariedade e companheirismo entre todos.

E é bom que tenham noção disto porque e para terminar, é bom que tenham noção disto porque nós temos um grande desafio político em 2009: ganhar as eleições ao Partido Socialista. E precisamos por isso de todos, todos vocês, todos os militantes do partido, e todos os militantes da JSD. Mas ganhar eleições e fazer política não é um exercício que se faça a todo o custo, ganhar eleições tem que se ganhar com ética, com responsabilidade e com muito sentido daquilo que é o futuro colectivo do nosso país.

E é esse o desafio que eu vos convoco, é o desafio de fazer política pela sociedade, e a participação cívica com muito sentido de responsabilidade.

A minha última palavra é dirigida ao Secretário-Geral do Partido, por ao longo destes anos, e neste ano em especial, ter tido, como sempre esta simpatia e a generosidade de entender o verdadeiro sentido da importância da Universidade de Verão.

Dr. Miguel Macedo muito obrigado pela sua disponibilidade, pela compreensão da importância estratégica deste evento, deste e doutros, como foi o caso da Universidade do Poder Local.

E agradecer também ao Secretário-Geral Matos Rosa, pela sua sempre grandeza de espírito, pela sua sempre generosidade, e pela sua sempre simpatia.

E para terminar, queria dizer-vos que temos aqui hoje, começamos hoje uma grande jornada que é possível por todos vocês, mas que é possível também para este homem que tem dado muito à formação política que é o Carlos Coelho.

Muito obrigado.

(APLAUSOS)

 
Dr.Miguel Macedo
Meu Caro Carlos Coelho, director desta Universidade, Sr. Presidente da Câmara de Castelo de Vide, muito obrigado por nos receber uma vez mais no seu belíssimo concelho, Sr. Presidente da JSD, Meu Caro Pedro Rodrigues, Zita, Matos Rosa, colaborador de trabalho no partido e acumulador de cabelos brancos como eu, Meus Caros Amigos, Participantes desta Universidade de Verão. (Risos)

Eu acho que isto não está a começar bem. A Joana veio aqui fazer uma série de avisos, o Carlos Coelho com aquele ar sério que nós lhe conhecemos há muitos anos continuou esses avisos, eu estava ali na mesa e olhando para as vossas caras, e comecei a imaginar quantos de vocês quereriam começar a desertar já.

Acho que não é caso para isso. Vamos distender um bocadinho o ambiente, de facto a exigência vai ser bastante, mas eu conheço o Carlos Coelho para aí há vinte e tal anos, ele sempre foi assim, mesmo quando tinha a vossa idade era assim, e até hoje muitos dos jovens como eu que aprenderam muito com ele em acções de formação que ele organizou bem, resistimos, superamos as dificuldades, e pasme-se, quase todos nós continuamos amigos dele.

E portanto, tenho a certeza absoluta que apesar da implacável disciplina que ele vai impor, aquele coisa das horas é mesmo de eurodeputado, e portanto aquilo é mesmo às dez horas, por isso mesmo é que ele, sendo meu amigo, marca a abertura da Universidade de Verão para as seis horas da tarde, e eu estou aqui exactamente à hora, e queria-vos dizer que esta é uma experiência extraordinária por tudo aquilo que tenho ouvido dizer ao longo dos anos.

E agora vamos entrar na parte séria, dar-vos as boas vindas a todos, e dizer-vos que estamos aqui num ambiente que é muito diferente daquilo que é a luta partidária do dia a dia. Graças a Deus isto não é uma sede do Partido, e por isso estamos aqui a discutir aquilo que nos dá gozo, pelo menos a mim, e a vós de certeza, de estar na política que é: o debater ideias, discutir com profundidade as questões, animar o contraditório, puxar pela cabecinha, pensar nos problemas, sugerir soluções, actuar em conjunto encontrando novas propostas. Tudo isto é que faz da política uma coisa séria, uma coisa importante, e uma coisa bonita. Muitas vezes a política é rodeada de coisas que não interessam nada, não interessam nada às pessoas, não interessam nada à colectividade, e a política é para as pessoas, como dizia o Carlos Coelho, citando um livro famoso, a política é para as pessoas e é feita por pessoas. E é por isso que a formação política é muito importante para o PSD.

A verdade, já disse isto o ano passado, é que durante bastantes anos, anos demais, o PSD ignorou completamente a formação política no seu seio.

A verdade também, é preciso dizê-lo, o PSD não esteve sozinho nesta situação, a maior parte dos partidos deixaram de fazer formação política, com alguma visibilidade e com alguma constância, e com alguma sistematização.

E portanto, em boa hora, com a direcção do Carlos Coelho, o PSD aqui há uns anos começou a fazer esta Universidade de Verão. Quando o dr. Marques Mendes assumiu responsabilidades no partido, um dos pontos importantes do seu compromisso para com os militantes do Partido, era emprestar força, apostar reforçadamente na formação política. A JSD também partilha desse objectivo. E por isso, fizemos desta Universidade de Verão, ao longo dos últimos anos, não só um momento importante de formação política, a melhor formação política que hoje se faz em Portugal ao nível das estruturas partidárias e fundações, como o Instituto Francisco Sá Carneiro, que connosco colaboram nesta iniciativa, como fizemos desta Universidade o momento político, aquilo que se chama na comunicação social, a rentrée política do partido.

E por isso o Presidente do Partido estará cá no domingo, e por isso aqui fará o discurso que marca politicamente aquilo que se convencionou chamar, rentrée política do PSD. Emprestando, portanto, uma especial dignidade e importância a esta Universidade.

O Presidente do Partido disse o ano passado aqui, nesta sala, que não queria ficar só pela Universidade de Verão, disse e conseguimos concretizar, mais uma vez, com a ajuda do Carlos Coelho. Este ano fizemos já a Norte, em Paredes, a Universidade do Poder Local, que reuniu um conjunto de companheiros do partido, jovens militantes, quase todos eles, sobretudo quadros autárquicos, gente que em muitos casos é pela primeira vez autarca, de Norte a Sul do País, e foi também uma magnífica experiência, uma experiência a repetir, justamente nesta linha de aposta na formação, e de reforço da componente da formação.

Acho que isto é muito importante para um partido como o PSD. Sobretudo porque nós entendemos que a actividade política deve ser feita com princípios, deve ser feita com apelo a valores, e deve ser feita de uma forma que consiga atrair os melhores para a actividade política. Não é possível esperar um bom desempenho político se nós não conseguirmos atrair os melhores para a actividade política, e por isso é importante esta formação, e por isso é importante este trabalho que estamos a realizar.

E por isso tudo, muito obrigado ao Carlos Coelho, por este inestimável contributo que ele tem dado para este trabalho que estamos a desenvolver.

Queria só dar-vos duas palavras mais. Uma vez que estamos na Universidade de Verão, os participantes são essencialmente participantes jovens, dizer-vos duas ou três coisas sobre matérias que me preocupam neste domínio, na Juventude.

Acho que hoje é visível e é consensual que em Portugal o governo desistiu de ter qualquer política de juventude. O Pedro Rodrigues e a JSD têm falado sobre esta matéria. Julgo que importa aqui sublinhar duas coisas: hoje os jovens, muito jovens, milhares de jovens em Portugal estão condenados a uma de duas coisas, ou ao desemprego ou à emigração. Nós sabemos e conhecemos os números do desemprego, sabemos quando olhamos para esses números que ele é particularmente gravoso nos jovens, e é particularmente gravoso em determinados sectores etários, a partir dos 40/45 anos, mas, fustiga particularmente os jovens. E castiga de uma forma especial, e de uma forma paradoxal, os jovens licenciados.

No fundo, nós estamos a viver uma situação estranhíssima. Toda a gente o diz (e é verdade), que o país precisa de quadros qualificados, as empresas precisam de quadros qualificados, a Administração Pública precisa de quadros qualificados, em geral as instituições do país precisam de quadros qualificados. O Estado gasta muito dinheiro na formação universitária, superior dos jovens; as famílias investem muito da sua capacidade para garantir uma formação superior aos seus filhos. E o que é que vemos depois no fim? Vemos que a sociedade em geral, não consegue dar uma ocupação condigna àqueles que lutaram durante anos para conseguir o seu curso superior.

Se antigamente entrar na universidade e tirar um curso era uma via segura para conseguir um emprego, muitas vezes um bom emprego, parece que hoje em Portugal, estranhamente, entrar na universidade e tirar um curso superior, é uma espécie de via verde para o desemprego.

E isto não faz sentido. Porque é um enorme desperdício de recursos. Isto é desbaratar uma capacidade que nós temos com os nossos jovens, para garantir que as nossas empresas, as nossas instituições, a sociedade em geral, a Administração Pública, possa ser melhor, possa funcionar melhor e possa funcionar com outros parâmetros de qualidade.

Segundo ponto, a emigração. Até 1974, Portugal “exportou” centenas de milhares de portugueses que aqui não encontravam nenhuma esperança para o seu futuro. Portugal, em verdade, não garantia para centenas de milhares de portugueses as condições mínimas de sobrevivência no seu território. Essa foi aliás uma das matérias que no 25 de Abril marcou o programa de todos os partidos que se constituíram à data. Lutámos contra isso, e a verdade é que a Democracia resolveu em grande medida esse flagelo. Os portugueses ficavam cá, os portugueses começaram a trabalhar cá, com o seu trabalho e com o seu suor foi possível desenvolver o país.

Estranhamente, 33 anos depois, com um governo socialista ressurge o problema da emigração. São hoje dezenas de milhares de portugueses, no ano passado ultrapassaram a centena de milhar de portugueses, que por não encontrarem condições no seu país, emigraram, muitos deles jovens qualificados que vão para outros países, enriquecer esses países, enriquecer instituições desses países, porque não encontram em Portugal condições para desenvolver a sua actividade e para garantir o seu futuro.

E um país que ao fim de 33 anos de Democracia, volta outra vez a uma situação como esta, é um país, eu não hesito em dizê-lo, que está doente. Porque, no momento em que por toda a Europa crescem as preocupações em relação à demografia, o saldo de natalidade é baixíssimo, Portugal dá-se ao luxo de desperdiçar milhares de jovens todos os anos, exportando-os para outros países, desvitalizando a sua capacidade de criar riqueza e desvitalizando a capacidade de criar coisas novas e de dar lastro à iniciativa dos jovens.

E por isso, este governo está num mau caminho. Estes resultados políticos são maus resultados políticos. Não são para o governo, são maus resultados políticos para os portugueses e para o país. Este governo foi também responsável por acabar com a política que existia de favorecer o arrendamento jovem. E hoje o que verificamos é que com a escalada do aumento da taxa de juro que se regista hoje na Europa, sendo muito difícil o acesso à compra de casa para muitos jovens, está praticamente impossível a possibilidade de arrendarem casas e, portanto, de construírem a sua autonomia de vida e construírem um projecto de vida autónomo para muitos milhares de jovens. Esta situação é também uma situação importante. Se, sobretudo, aliarmos esta situação de dificuldade a uma outra situação, que por força da política económica e fiscal deste governo, se tem acentuado nos últimos dois anos, que alguns chamam: a situação da geração do recibo verde. A extrema precarização, que leva a que muitos jovens hoje tenham muitíssimas mais dificuldades para fazer a sua afirmação no mundo do trabalho, para construírem com autonomia um projecto de vida e para poderem prosseguir, em Portugal, com as suas capacidades, um projecto que lhes dê satisfação pessoal e que ao mesmo tempo contribua para o desenvolvimento do país.

Uma nota mais, e uma nota final sobre a educação.

Tudo isto tem muito a ver com a concepção que temos da organização, das instituições, do Estado, da visão que temos da sociedade. E este governo julgo que revelou bem a sua visão de sociedade, quando aprovou (foi recentemente aprovada), a lei de gestão das universidades. Uma lei de gestão que é uma espécie de lei da unicidade das universidades. Para este governo a Universidade de Trás-os-Montes tem que ser igual à Universidade do Algarve, a Universidade do Minho tem que ser igual à Universidade de Lisboa, a Universidade da Beira Interior tem que ser igual a qualquer outra universidade.

O PSD tinha uma proposta completamente diferente. Na lógica de as universidades deverem ter maior liberdade para a sua auto-organização. Para que o Estado que põe lá o direito dos contribuintes para que as universidades funcionem, possa exigir maior responsabilidade pelos resultados que cada uma dessas universidades conseguem.

Não foi esse o caminho seguido pelo governo. E não foi, no nosso entendimento, e no meu entendimento, não foi uma boa opção deste governo. O que nós entendemos é que muitas universidades (claro que há bons exemplos), o essencial das universidades continua de costas voltadas para a sociedade e para as exigências do mercado.

Porque, o que interessa é garantir para cada universidade o maior número de receitas possível para viabilizar o seu funcionamento, e não tanto fazer com que a universidade responda àquilo que são as solicitações e as exigências da sociedade, das empresas, do mercado.

E este vício só vai terminar quando a lei impuser, que nos órgãos estratégicos das universidades, estejam representados autarcas, que estejam representados empresários, e as próprias universidades possam assumir, como acontece lá fora, formas de organização completamente diferentes daquelas que vigoram em todas as universidades portuguesas.

Portugal perdeu por isso uma oportunidade de fazer uma verdadeira reforma neste domínio, porque se tivesse valido a proposta que o PSD tinha feito, nós tínhamos feito uma viragem de página fundamental, uma verdadeira reforma neste domínio.

Nós acreditamos na capacidade das instituições e das pessoas em Portugal, queremos que elas possam funcionar dentro daquilo que são objectivos que elas próprias devem traçar para que a sociedade no seu conjunto e o Estado que gere o dinheiro dos seus contribuintes, possam pedir responsabilidades pelo funcionamento de cada uma destas universidades.

E era esta nota final que eu queria aqui deixar.

Eu acho que os jovens têm muito poucas razões, se é que têm alguma, para estar optimistas com este governo e com as políticas deste governo. Falámos aqui da juventude, falámos da política de juventude, falámos de arrendamento, falámos de educação, falámos de política do ensino superior, falámos do flagelo do desemprego, e falámos dessa nova coisa em democracia que é, milhares de jovens a saírem do país porque aqui não encontram oportunidades de trabalho e de vida. Novamente, a situação da emigração.

Aquilo que eu aqui vos venho trazer não é um discurso pessimista, é um retrato fiel que atinge hoje milhares de jovens como todos vós. E que, do meu ponto de vista, compromete de forma séria uma avaliação que se queira rigorosa daquilo que tem sido a actuação deste governo.

É por isso que o trabalho que vamos fazer aqui neste Universidade é também muito importante, porque porventura das discussões, dos painéis, dos seminários, dos debates que aqui se vão fazer, nós poderemos aproveitar muitas das vossas ideias, poderemos aproveitar muitas das vossas capacidades de comunicar melhor, para dizermos exactamente aquilo que o país e os jovens do nosso país precisam de ouvir de quem queria fazer uma avaliação rigorosa daquilo que tem sido a actividade deste governo.

Não vos vou maçar mais, espero que tenham uma excelente semana nesta universidade. Que se cumpram os objectivos que foram aqui traçados pelo Carlos Coelho. Que o ajudam a ele, porque o Carlos Coelho gosta de cumprir esses objectivos, e que no Domingo, quando encerrarem a Universidade de 2007, eu possa ver, como vi o ano passado, todos os jovens que aqui estiveram na universidade de 2006, com enorme vontade de voltar.

Eu sei que vai ser assim, sei que é assim que vai acontecer, e por isso resta-me só desejar-vos uma excelente semana, bons trabalhos, e uma boa universidade.

(APLAUSOS)

 
Dep. Carlos Coelho
Temos na conclusão da sessão formal de abertura, uma pequenina cerimónia que tem a ver com a apresentação de 5 pessoas que vão ser muito importantes para vocês.

Essas pessoas vão receber aquilo que nós chamamos os estandartes que vão marcar a vossa presença do grupo. Para tornar isto mais simples, vocês vão estar divididos em 10 grupos, (já sabem quais são), e esses 10 grupos vão marcar a vossa presença nos jantares conferência, os almoços serão informais, são almoços-buffet, cada um senta-se onde quiser. Aos jantares não é assim. O único jantar em que não há lugares marcados é o jantar de hoje. Para vocês não há lugares marcados, portanto sentam-se onde quiserem. Todos os outros jantares, vocês ficam em cada mesa por grupos, e em cada uma das mesas há um estandarte que marca a presença do grupo nessa mesa.

Os jantares conferência vão ser muito simples, vão ser cinco personalidades. Quando virem as regras percebem como é que o jantar se vai desenrolar, mas ficam desde já a saber que as cinco personalidades que nós vamos receber vão-se sentar numa das vossas mesas. Ou seja, a mesa da presidência é a mesa de um grupo. Portanto, há cinco grupos entre vocês, que vão ser grupos anfitriões, que vão receber as personalidades convidadas, e haverá outros cinco grupos que têm a responsabilidade de as saudar através do brinde com que iniciamos cada conferência ao longo do jantar. Isso a partir de amanhã. O jantar de hoje é um jantar especial, é um jantar solene com o nosso Presidente da Câmara anfitrião, e aí vocês ainda não estão em grupos, só vão ter as primeiras reuniões de grupos a seguir ao jantar.

As cinco pessoas da organização que vos vão acompanhar enquanto grupos, vão receber das mãos do Secretário-Geral Adjunto, José Matos Rosa, os respectivos estandartes:

Os grupos Laranja e Verde, vão ter como conselheiro o Nuno Matias que foi um dos melhores alunos de 2006.

(APLAUSOS)

Os grupos Azul e Castanho, têm como conselheira a Joana que vocês conhecem da saudação inicial e que também foi uma das melhores alunas do ano passado.

(APLAUSOS)

Os grupos Roxo e Vermelho, têm como conselheiro o Jorge Varela que também foi um dos 10 melhores do ano passado.

(APLAUSOS)

E da selecção dos melhores mas de edições anteriores, temos como conselheira para os grupos Bege e Rosa, a Magda Borges. Eu já percebi que pelas cores da Magda, vai ser preciso muita subtileza para distinguir os dois grupos.

(APLAUSOS)

E o veterano que vem desde a universidade de 2003, como conselheiro dos grupos Amarelo e Cinzento, o Carlos Lopes.

(APLAUSOS)

Estes são os cinco conselheiros que vos vão apoiar. Às 19h45 sugeria que estivessem no primeiro andar para o jantar solene de abertura, e vamos terminar esta sessão formal de abertura, por sugestão do nosso Secretário-Geral, apenas com uma referência, a notícia do dia de hoje é que um português é Campeão do Mundo do Triplo Salto. Subindo em 23 cm a marca nacional e deixando roídos de inveja todos aqueles que pensavam que já tinham a vitória no papo e acabaram por ver a bandeira portuguesa e o hino nacional a ser hasteado no estádio.

Portanto, eu creio que podemos terminar esta nossa sessão formal de abertura com uma grande salva de palmas para esse nosso compatriota.

(APLAUSOS)